PROLIFERANTES MODOS DE FAZER COM ARTE E TECNOLOGIAS DIGITAIS: POTÊNCIA DO EXISTIR
https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/778/o/CulturaVisual_L3_121.pdf

Noale Toja
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ/ProPEd, Brasil
noaletoja22@gmail.com
RESUMO
Fazer emergir experiências sociais que no seu fazeraprenderensinar promovem subjetividades emancipatórias ao valorizar saberes não científico, não hegemônicos e não colonializantes na produção do conhecimento. Trazer à cena vivências ordinárias que abrem caminhos para existências outras, dentro de sistemas hegemônicos é pensar as ações e os movimentos singulares e plurais como tessituras rizomáticas, ocultas dentro da lógica fascista, mas de efeito positivo como proposições para uma sociologia das emergências em processos de decolonialidade.
Sensível a essas inquietações, que estão permeadas nas maneiras de experimentar a arte como mediação no fazer cotidiano, este ensaio propõe alinhavar os processos de subjetivação emancipatórios de jovens que vivem nas periferias do Rio de Janeiro, investigando modos de vida nesse fazer com a arte e a tecnologia digital dando o embelezamento. Nessa urdidura, alinhavamos os fios com Alves, Certeau, Deleuze, Dubois, Gallo, Guattari, Santos e Walsh, para tecer, alimentar, fermentar o pensamento sobre as experiências Proliferantes.
Palavras-chave: Proliferantes. Experiências sociais. Cotidiano. Arte. Tecnologia digital.
“Os habitantes dos bairros suburbanos vão ao center, ao shopping center, como antes iam até o centro. O tradicional passeio do fim-de-semana até o centro da cidade tende a ser substituído pela excursão até esses centros urbanos. De banho tomado, arrumados e penteados, vestidos com suas melhores galas, os visitantes vêm para uma festa à qual não foram convidados, mas podem olhar tudo.” (Eduardo Galeano1)
Auvaeovinho
Um homem dos vinhedos falou, em agonia, junto ao ouvido de Marcela. Antes de morrer, revelou a ela o segredo: _ A uva – sussurrou – é feita de vinho. Marcela Pérez-Silva me contou isso, e eu pensei: se a uva é feita de vinho, talvez a gente seja as palavras que contam o que a gente é. (Eduardo Galeano, Livro dos abraços).
1. PERIFERIAS PROLIFERANTES?
Proliferar é decompor a matéria orgânica por meio da fermentação, contaminação e transformá-la em minerais para produção de matérias vivas. A beleza do que compõe o processo dessa transformação está em ações cotidianas que se produzem em movimentos de fazeres ordinários.
Periferias é tudo o que está a margem, no entorno, circunscrevendo um centro. Esse movimento ele é geográfico, geométrico, político, cultural e marginal. Está no campo da objetividade e da subjetividade.
Proliferar faz parte do meu fazer cotidiano diante das buscas em fazer-me em mim no contato com os outros, outros que Michel de Certeau nos apresenta como mecanismos de apropriação dos artefatos, bricolagens e astúcias em processos praticantes. Decompor é esmiuçar esses fazeres cotidianos que me levaram a encontros com a arte e a tecnologia nas narrativas audiovisuais diante de situações marginais, ocultas ou invisíveis. É Trabalhar com as vibrações livresmarcadas pelas minhas vivências que manifestam as inquietações com o compromisso político no fazer cotidiano, nos processos de subjetivação imbricados nas relações de afetos.


Imagem 5: Laboratórios de experimentações – narrativas com projeções
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Venho de lugares periféricos, bairros dos arredores de munícipios da Baixada Fluminense, região metropolitana do estado do Rio de Janeiro, Brasil. Lugares estes, que estão em cadeia, marginais dentro das estruturas colonialistas. Os bairros nos quais morei também são periféricos em relação aos centro dos municípios de Duque de Caxias e São João de Meriti. Cresci com vergonha de ser quem eu era, vergonha de ser de onde eu era, porque a imagem produzida sobre estes lugares e das pessoas que lá vivem sempre foi de extrema violência e ignorância. Imagens produzidas pela colonialidade eurocêntrica, ideia capitalista de subserviência e escravidão dos pensamentos e ações de praticantes que vivem em periferias e comungam de saberes ancestrais. A colonialidade nega esses saberes, práticas, sentimentos, emoções, percepções, tornando as pessoas que estão a margem desse sistema, estigmatizadas e invalidadas dentro de processos culturais, intelectuais e científicos. Porém há uma resistência no cerne das experiências cotidianas em que os praticantespensantesproduz com traços de decolonialidade e que na contemporaneidade com os usos democráticos da audiovisualidade digital, manifestam expressões que evidenciam essa resistência.

932 I SEMINARIO INTERNACIONAL DE INVESTIGACIÓN EN ARTE Y CULTURA VISUAL
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1. https://www.pensador.com/autor/eduardo_galeano/ [Acesso: 11 de jul de 2017].
2. Vibrações livres ocorrem quando um sistema mecânico é disparado com uma entrada inicial e depois deixado vibrar livremente. Exemplo disso é bater um

diapasão e deixa-lo tocar, a partir do primeiro disparo, aquele movimento ou onda sonora vibrará livremente.

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